Justiça decide levar policiais envolvidos na morte de João Pedro a júri popular

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu, nesta terça-feira (24), levar a júri popular os três policiais civis envolvidos na morte de João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, ocorrida em maio de 2020 durante uma operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A decisão da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça reverte a sentença de primeira instância que havia absolvido sumariamente os agentes.

Os policiais civis Mauro José Gonçalves, Maxwell Gomes Pereira e Fernando de Brito Meister eram investigados pela morte do adolescente, atingido por um disparo de fuzil dentro da casa onde morava com a família. Durante a operação conjunta das Polícias Federal e Civil, mais de 70 tiros foram disparados no imóvel. O garoto chegou a ser levado de helicóptero pelos agentes e, durante horas, ficou desaparecido. Seu corpo foi encontrado horas depois no Instituto Médico-Legal.

Em julho de 2024, a juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, havia decidido absolver os agentes, alegando que eles agiram em legítima defesa. A decisão gerou revolta entre familiares e movimentos sociais, que desde então pressionavam pela revisão do caso. A Defensoria Pública recorreu da sentença e, agora, o Tribunal de Justiça atendeu ao recurso, determinando que o caso seja analisado por um júri popular.

Durante o julgamento, familiares de João Pedro participaram de um ato em frente ao tribunal. Também estiveram presentes representantes de organizações de direitos humanos e movimentos negros, além do Deputado Estadual Professor Josemar, que considerou a decisão uma vitória na luta contra a impunidade da violência policial nas favelas.

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