Julgamento de policiais acusados de matar João Pedro é adiado

O julgamento que decidirá se os três policiais acusados pela morte do adolescente João Pedro Mattos Pinto irão a júri popular foi adiado mais uma vez, revelando a lentidão e a negligência do Estado brasileiro em garantir justiça para vítimas da violência policial. O caso, que já se arrasta há quase cinco anos, teve novo impasse após o desembargador Cezar Augusto Rodrigues da Costa pedir vista do processo durante a sessão da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), realizada nesta terça-feira (20).

Dois desembargadores já haviam votado favoravelmente ao envio dos policiais a júri popular, atendendo ao recurso apresentado pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. As instituições contestam a decisão anterior, de 2024, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, que absolveu os agentes dos crimes de homicídio duplamente qualificado e fraude processual.

João Pedro, de apenas 14 anos, foi assassinado em maio de 2020 dentro de sua própria casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, durante uma operação conjunta da Polícia Civil e da Polícia Federal. O jovem foi atingido por um tiro de fuzil enquanto brincava com amigos. A perícia apontou que mais de 70 disparos foram efetuados na residência, evidenciando a desproporcionalidade e a brutalidade da ação policial.

Desde então, a família de João Pedro vive um calvário judicial em busca de justiça. A demora do sistema judiciário em responsabilizar os acusados não é apenas um reflexo da ineficiência institucional, mas também uma continuidade das violações sofridas por essa família negra, moradora da periferia. O prolongamento desse processo se soma ao sofrimento causado pela perda irreparável de um filho e agrava a dor de quem há anos clama por justiça.

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